Capítulo 48

Antes de poder ver a dolorosa imagem da cara do pequeno Dave marcada, todo aquele hall, toda aquela casa se desfez em sombras, de novo. Permaneci de olhos fechados, como os tinha no momento em que Robert estava prestes a agredir o Dave. As lágrimas caíam-me pela face, o ódio e a raiva que sentia daquele homem trepavam-me pelo coração, a tristeza abateu-me a mente, pensando no pobre Dave.
Senti o meu corpo, novamente, a cair, como se me estivesse a atirar de um precipício de 200 metros, sentindo uma enorme ânsia a percorrer-me as entranhas.



Quando finalmente senti os meus pés assentes no chão, quando abri os olhos, deparei-me com a minha própria escola. Por breves instantes, senti uma pontada de esperança a picar-me o coração, mas rapidamente reparei nas diferenças. Os cacifos eram completamente diferentes, feitos de uma espessa e aclarada madeira, o chão mais escuro, e o tecto onde se notava nitidamente a ausência daquela odiável humidade. Estava como nova. Estava diante do corredor principal onde se concentravam a maior parte dos alunos, embora, naquele “mundo” fossem muito menos.



Calcorreei o corredor, olhando em redor observando o comportamento dos alunos e dos professores que lá passavam.
Encaminhei-me até junto das casas de banho onde se concentrava uma grande quantidade de cacifos. De súbito, uma voz feminina guinchou:
- Melody!
Olhei para trás, e uma rapariga, jovem, com cabelo curto e com uma camisola completamente espalhafatosa, a sua saia de folhos amarela e preta parecendo uma abelha. Num passo acelerado, interceptou o meu corpo e dirigiu-se para junto de uma rapariga de cabelo preto como o breu perfeitamente penteado e entrançado, juntamente com uma fita cor-de-rosa a envolver-lhe a cabeça. Essa rapariga olhou para trás, e os seus olhos verdes e florescentes reluziram com a forte luz dos candeeiros do corredor.



- Olá, Emily. O que se passa? – Perguntou com uma voz doce.
- O… o… - Gaguegou ofegantemente a amiga. – O George! Ele não pára de olhar para ti, amiga! Isso só pode significar uma coisa!



- Que eu tenho um letreiro na testa?
- Não… que disparate, Melody. Ele gosta de ti, com toda a certeza!
- Ah, sim claro. E eu chamo-me Carmen Miranda e tenho o mundo todo a meus pés. Emily… ele jamais irá gostar de mim. Ao pé dele pareço uma tola!



Fitei os seus olhos verdes-água, as suas feições incrivelmente parecidas com as minhas, e já para não falar da atitude. Os meus olhos brilharam. Pela primeira vez senti-me bem e satisfeita naquela reviravolta no tempo. Estava diante da minha própria mãe!
- Pronto, se não acreditas em mim, devias olhar para trás de ti. – E dito aquilo, Emily desatou a correr pelo corredor fora.
A minha mãe olhou repentinamente para trás, e deparou-se com um rapaz muito bem aparentado, com uma roupa, embora antiquada que naquela altura era moda, apresentável e o seu cabelo despenteado e grande. O seu rosto magro e longo, os seus olhos castanhos… George, era o seu nome. George… o meu pai.



A minha mãe deixou cair os livros ao dar um abrupto encontrão com o meu pai.



- D-Desculpa. E-Eu apanho isto. – Gaguejou o pai, agachando-se. Por sua vez, a mãe também se agachou, acontecendo o
cliché que todos conhecem. As mãos um do outro entrelaçaram-se fazendo-os fixarem-se mutuamente.
- Huh… acho que tocou para a aula… não ouviste? – Inquiriu a mãe, olhando em redor com o sangue a subir-lhe à cabeça pela vergonha.



- Eu estava a pensar. – Disseram em uníssono.
- Diz… - Disse a mãe com uma voz rouca.
- Bem, huh… estava a pensar… estava a pensar se tu… - Pigarreou – Eu estava a pensar se tu quererias sair comigo… conheço ali um bar e…
- Às 15:00 H… a seguir às aulas… - Disse a mãe com uma voz suave e quase histérica.
- C-Certo… às 15:00 H.
A mãe não parava de fixar o pai. Aquilo começou a assustar-me, o pai nunca me tinha dito que tinha conhecido a mãe no corredor da
minha escola.
Foi então, que o pai pegou na mão da mãe, suavemente, e balançou um pouco com ela, com os seus olhos fixos na sua esbelta face.



Aquela imagem do casal de mãos dadas era-me muito familiar… muito mesmo. Foi então que, ao observa-los, me apercebi de uma coisa. Estava diante da primeira visão que tive, quando estava no mesmo corredor, a falar com a Cassandra e de repente vi um homem e uma mulher de mãos dadas ao fundo do corredor. Agora tudo…
tudo fazia sentido.



- Huh… eu tenho de… - Gaguejou a mãe.
- Sim… também eu… então… até logo!
- Sim… até… l-logo.
Os dois viraram costas um ao outro e seguiram para salas de aula diferentes. A mãe, como pura adolescente, foi a correr para a sua amiga Emily, não contendo os seus risinhos sonoramente histéricos, coisa que eu, definitivamente, não herdei dela.
Estava tudo a encaixar na minha cabeça, como um
puzzle. Nem queria acreditar que os meus pais se conheceram no corredor da minha própria escola…

4 Response to "Capítulo 48"

  • Diogo Says:

    ADOREI TANTO :............. =D =D =D
    ADORO a palavra certo mesmo e com o que tu puses-te no capitulo ainda a vou adorar mais!
    adorei 1999999999999999999999999 ESTREALS PARA TI E PARA A TUA HISTORIA!
    Já fico contente por teres feito a melody feliz nesta "ida ao passado".


  • João Says:

    Simplesmente perfeitão!
    Amei tanto!
    Foi tão linda aquela parte dos pais da mel!
    Está mesmo mesmo mesmo brutal!
    HAAA!
    Meu Deus, quero mais!
    Continua, please! *.*


  • mmoedinhas Says:

    Ai meu deus!!!!! Está tao fixe! ADOREI, AMEI! Áté vou te dar uma estrela a mais que o diogo: 2000000000000000000000000 estrelas LOL

    Agora pareço a Cassie. Completamente histérica! Não sabia que os pais dela eram tão giros em adolescentes...

    À espera de mais!!!!!!


  • Mr.Lis Says:

    Uau que romântico!
    A com cada surpresa!

    Adorei!
    Parabéns!


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