Capítulo 91
A noite estava muito fria e lá fora uma chuva miudinha ameaçava tornar-se numa tempestade violenta a qualquer momento. Vi-me obrigada a sair da cama para ir buscar um par de meias quentes e dois cobertores grossos e fofinhos ao roupeiro. Mas por mais que me tentasse aquecer, continuava a sentir uns arrepios desconfortáveis e assustadores pelo corpo todo. Cheguei a ter vontade de ir dormir na cama do meu pai, como tantas vezes fazia quando era pequena.
Adormeci. Perdi a noção das horas, até que ouvi um grito agudo e desesperado. O meu coração deu um pulo violento e acordei, olhando para o relógio completamente em pânico.
Eram 3h30 da manhã. A chuva batia com violência nos vidros, tal como eu previra. Teria sido tudo um pesadelo ou aquele grito fora real? Pairava no ar um silêncio constrangedor e aparentemente estava tudo normal. Conseguia ouvir o meu pai roncar no quarto ao lado, e, qualquer das maneiras, ele nunca poderia ter gritado tão agudamente. Voltei a deitar-me na cama, ainda assustada. De repente, o meu quarto tornara-se diferente. Os peluches que tinha aglomerados nas prateleiras, pareciam mover-se. Já não pareciam animais amorosos, mas sim almas maquiavélicas de outro mundo. Viam-se sombras por todo o lado, e o copo com água que tinha na mesa-de-cabeceira parecia tremelicar de um modo sobrenatural.
O pânico deixou-me sem respiração e, antes que soltasse um berro que acordasse a rua inteira, enfiei a cabeça nos lençóis. Tentei retirar melindrosamente aquelas imagens da minha mente, mas não só não conseguia como elas ainda pareciam tornar-se mais nítidas e reais. Felizmente, não demorei muito tempo a adormecer. Mas estava longe de ser uma noite calma.
"Melody, Melody".
Era uma voz doce, e ao mesmo tempo fria. Não me era completamente desconhecida, mas não sabia de onde vinha.
"Melody".
Mudei de posição na cama, enrosquei-me ainda melhor nos cobertores. As vozes não cessavam, mas adquiriam contornos diferentes á medida que o tempo passava. Umas vezes eram suplicantes, outras assustadoras, outras ainda alegres. Abri os olhos repentinamente. Fiquei completamente imóvel, revirando os olhos em redor a tentar perceber o que se passava. Respirava com dificuldade, e nem sequer conseguia mexer-me na cama, tal era o medo que se apoderara de mim. As vozes tinham acabado. Nada parecia anormal naquele quarto, excepto eu, que, qual peixe fora de água, fazia um esforço enorme para respirar com normalidade.
Decidi então levantar-me e fui directa à casa de banho lavar a cara com chapadas de água fria, de modo a refrescá-la já que, ao contrário do resto do corpo, parecia um forno a 250 graus. Depois fui à cozinha preparar o pequeno-almoço. Enquanto as torradas estavam na torradeira e o leite aquecia, fui à janela inspirar ar fresco. O sol nascia por detrás das colinas de Fort Sim. Era ainda muito pálido, no meio de tantas nuvens cinzentas que denotavam com clareza a tempestade que assolara á noite. Respirei fundo e convenci-me a mim mesma que, uma noite destas, nunca mais se repetia.
As minhas mãos ainda estavam trémulas, e ainda me escorriam suores frios pela testa, como se fossem riachos numa torrente incansável. Não demorou muito tempo até o meu pai vir à cozinha para ligar o esquentador para tomar duche. E qual não foi o seu espanto:
- Melody, já estás aqui?! – Perguntou, atónito.
- Não, pai, estou no meu quarto a dormir… - Respondi, ironicamente.
- Já vi que não estás para conversas…
- Estou a brincar contigo! Passei um pouco mal a noite, sabes...
- Então? O que se passou? – Veio ter junto de mim, com uma cara preocupada.
- Não me apetece falar sobre isso… o pequeno-almoço está quase pronto! Despacha-te no duche!
- OK, vou tentar despachar-me!
Vi-me obrigada a forçar um sorriso e a fingir que estava tudo bem, até porque me queria capacitar de que realmente estava tudo bem.
Durante o pequeno-almoço não disse nada ao pai, mal lhe dirigi a palavra. Queria tomar o pequeno-almoço sem que ele me perguntasse:
- Estás estranhas, hoje… o que se passa? – Pelos vistos tinha sido tarde de mais para esperar que ele não se preocupasse comigo.
- Nada… não se passa nada. Sabe como é… Sexta-Feira, fim da semana, ando sempre muito cansada.
- Vê lá… se não quiseres ir à escola eu justifico-te a falta…
- Não é preciso, pai. Obrigada!
Levantei-me, peguei na minha mala, dei um beijo ao meu pai e fui para a escola, tentando fugir àquela conversa que me martirizava a cabeça.
Não sabia a razão porque tinha tido aquele sonho. Estava confusa, e doía-me bastante a cabeça. Estava convicta de que todas aquelas sequências de visões e sonhos tinham acabado. Pensava que finalmente poderia viver comodamente. Mas será que estava enganada?
Não quis pensar mais no assunto assim que cheguei à escola. Estava lá com outro objectivo, que se calhar já devia ter atingido há muito mais tempo.
***
Estava no meu cacifo, a arrumar alguns livros para aliviar aquele tortuoso peso da minha mala. Olhei de relance para as fotografias que tinha colado na parte de dentro da porta do cacifo. Nelas estávamos eu e a Melody. Lembrava-me perfeitamente que aquelas fotografias eram do nono ano, e que estávamos mais unidas do que nunca.
Fechei o cacifo, e qual não foi o meu espanto, quando vi a Melody a encaminhar-se na minha direcção, fixando-me, mais decidida do que nunca. Foi aí que eu senti uma nesga de esperança a desabrochar do meu coração.
BRUTALÍSSIMO!
O sonho/pesadelo foi muito mesterioso, por momentos pensei que ela estivesse a sonhar com a morte da mãe do Dave ms depois...
ADOREI A ULTIMA PARTE!
Continua! =D
Ok este capítulo foi tipo reviravolta totaal!!!!!
Quando pensavamos que estava tudo bem vêm estes sonhos super esquisitos!!!!!! METEU MEDO *meep*
OMG OMG OMG porque é que sempre que leio isto saio eletrica? Estes capitulos têm sempre uma coisa qualquer que faz com que cada um seja mais epico que o outro!
Caracas, será que a historia vai acabar mal???? Tanto suspense no fim! Ç.Ç
AMEEEEI!
HAAAAAA! Agora é que é! Força Mel! Desculpa a Cassie! (eu sei que me estou a contradizer, mas coise...)
Aquelas vozes... será que a Melody 1.0 vai voltar dos mortos? O.O Creedo
Espero ansiosamente por mais u_________u