Capítulo 102
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Cheguei a casa, exausto daquele dia de trabalho árduo. Já não me lembrava de ter um dia assim tão fatigante. Pendurei o casaco no cabide do hall de entrada e dirigi-me à sala, na esperança de ver a Melody, que habitualmente se deitava no sofá a ver televisão depois da escola, mas não estava lá. Talvez estivesse a fazer algum trabalho na escola ou a estudar na biblioteca, ou então, simplesmente, a conviver com os seus amigos. Não a queria pressionar, muito pelo contrário, queria que ela se abstraísse de todos os acontecimentos ocorridos naqueles últimos meses, embora eu admitisse que fosse uma tarefa muito complicada. Não era de um momento para o outro que a Melody ia esquecer tudo o que se tinha passado com a sua vida.
Subi as escadas e encaminhei-me para o meu quarto. Pousei a pasta em cima da cama e sentei-me na mesma. Tentei, numa tentativa infrutífera, massajar os meus ombros, para tentar libertar a tensão que se fazia sentir sobre estes, mas não valia a pena. Só com dez horas seguidas de sono é que me conseguia descontrair.
Olhei para a mesa-de-cabeceira, onde repousava uma moldura com uma fotografia de mim e da minha esposa, no dia do nosso casamento. Ainda conseguia vislumbrar, na minha cabeça, a esbelta imagem dela a entrar na igreja, com aquele vestido a rastejar pelo chão, o seu ramo de flores que empunhava e a sua cara de quem estava ligeiramente nervosa. Conseguia quase sentir o cheiro do seu perfume com aroma a rosas, que deixava um serpenteante rasto tentador.
Foi nesse momento que senti um enorme vazio no meu coração, um vazio mais intenso que me punha ainda mais frágil. Um vazio que nem a minha filha conseguia preencher.
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Cheguei a casa com uma pontada de satisfação que me enchia o peito de felicidade. Aquela tarde que tinha passado com o Jake e a Cassie fez-me pensar que, apesar dos altos e baixos que tinha passado naquela temporada, tinha sempre o apoio incondicional deles, e isso é que me dava uma satisfação tremenda.
Olhei para o cabide e vi o casaco do pai, pelo que eu pensei logo que ele já tinha chegado a casa. Pousei as chaves no cinzeiro do aparador do hall de entrada e olhei para o calendário que estava em frente ao espelho, que marcava o dia 29 de Novembro de 2008. Por momentos recordei-me de quando o vi a marcar a data de 18 de Dezembro de 1990, quando voltei atrás no tempo, e assisti à morte da minha mãe, nesse dia. Quando a vi a dar a sua vida por mim.
Subi as escadas e dirigi-me ao quarto do pai. Estava silêncio no seu interior. A porta encontrava-se entreaberta deixando passar uma faixa de luz dourada proveniente do candeeiro da sua mesa-de-cabeceira. Olhei pela fresta que me permitia ver o interior do quarto, e vi o pai sentado na cama, com uma moldura nas mãos. Olhava para a moldura com um olhar terno e fragilizado. Acariciava a fotografia que se encontrava emoldurada, que eu não conseguia ver qual. Foi então que entrei no quarto, fazendo chiar a porta, pelo que o pai olhou rapidamente para esta.
- Ah, Melody, nem te ouvi chegar… - disse, surpreendido, pousando a moldura na sua mesa-de-cabeceira e limpando a cara, pelo que eu presumi que fosse uma lágrima.
- Foi no vosso casamento? – Inquiri, apontando para a moldura.
- Sim… - respondeu o pai, num suspiro trémulo.
- Estava tão linda… a mãe.
- Pois estava… linda! Foi o dia mais feliz da minha vida… assim como o do teu nascimento…
Suspirei, recordando-me do que se tinha realmente passado nesse dia.
- Não foi propriamente um dia feliz – disse, suspirando – pois não?
- Foi triste por a tua mãe morrer, mas foi feliz ao mesmo tempo, por saber que te tinha nos meus braços, para o resto da vida! – Dizendo aquelas palavras carinhosas, deu-me uma festa na cara.
- Ela era uma grande mulher – afirmei.
- Uma heroína… Sabes, às vezes ponho-me a recordar o dia em que a conheci, na Escola. Chocámos um contra o outro, no corredor, ambos apressados para ir para as aulas. Lembro-me que na aula seguinte eu não conseguia pensar em mais nada senão ela. Mas não tinha a certeza se ela gostava de mim… mas depois pude saber, quando a convidei para sair.
- No restaurante ‘O Bistro’…
- Sim… nunca mais me esqueço do empregado que não parava de nos recomendar os pratos mais caros do restaurante, embora nós já tivéssemos pedido – soltou uma gargalhada baixinha, enquanto olhava de novo para a fotografia. – Eu nunca me vou esquecer dela, Melody… nunca.
- Nem eu, pai.
Pousei a minha cabeça no seu ombro, deixando cair algumas lágrimas para a sua camisa. Não tirava os olhos da fotografia, nem a mão da medalha do colar.
Nostalgia a valer, força nisso! xD
Conseguiste transmitir um sentimento absolutamente delicioso, viciante! Essa maneira como escreves deixa-nos a querer ler mais e agarra-nos ao ecran de uma forma espantosa. Continua por favor, precisamos de mais, Ok?
E quando esta acabar, faz favor de começar outra, nem que seja simples, como a Essancëy, sabes porquê?
Porque escreves demasiado bem para por esse talento de parte, mesmo que seja por um pequeno período de tempo!
Temos o direito de ler as tuas publicações, ouviste? xD
Continua com este maravilhoso trabalho que tens vindo a desenvolver!
*texto hiper grande de um gémeo orgulhoso do irmão*
Eu assino por baixo do Desi! Hihihi.
Atreve-te só a deixar-nos sem as tuas deliciosas séries.xD
Eu (re)comecei tarde, e sim, até li rápido... mas tb não fiz quase mais nada quando vinha ao pc, e sabes porquê? Adivinha! *_______*
Beijão!
ADOREI ESTE! Muito bom mesmo, continua por favor porque eu nao quero que acabe!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! NUNCA!!! =D
Adorei a ultima imagem
Assino por baixo do Desi e da Bichon :3
Eu nem sei que dizer... Não sei se ei-de ficar triste ou alegre, é uma confusão!
Quero mesmo que continues a escrever, e a ilustrar com essas fotos maravilhosas, ou até fazer uma temporada de vídeos, sei lá, fogo os sims nas tuas mãos sao armas poderosas :O (lol)
Nostalgia é mas é para mim, que já sinto saudades disto... Não acredito que já li 102 capitulos desta coisa!!!!