Capítulo 18

À tarde encontrei-me de novo com o Jake na Biblioteca, e aproveitei para falar um pouco com ele.
- Gostei muito da tua atitude hoje de manhã… não esperava isso de ti. Digo isto pela positiva claro!
- Não fiz nada de mais. Tenho pena daquele rapaz.
- Pois… mas estou a falar da Sarah. Um rapaz que no dia anterior estava a namorar com ela, agora dá-lhe esta tampa.



- Eu não estava a namorar com ela, Melody… Eu nunca a amei.
- Bem, não vou voltar a discutir isso contigo. – Disse eu tentando mudar de assunto.
Sentei-me ao computador e comecei a fazer algumas pesquisas, e o Jake foi procurar alguns livros nas imensas prateleiras.
Quando encontrei algumas informações, chamei-o. Ele sentou-se ao pé de mim e escutou-me.
- Nós devíamos reduzir mais esta parte do texto e… devíamos mudar a cor de fundo. O que achas?
- Acho bem… acho também que fica melhor pormos mais algumas imagens, senão o trabalho fica como uma Bíblia.
- Oh… desculpa. – Lamentei eu enquanto me ria. – Sabes, eu apenas reúno texto e tudo o que seja relevante… nunca ponho imagens…
- Queres sair comigo? – Perguntou ele, num momento muito inoportuno.
- Huh… o quê?
- Queres vir comigo lanchar depois do trabalho? Vá lá…
- Huh… nós estamos a fazer o trabalho Jake. Não me parece boa altura.
- Desculpa… Mas queres ou não?
Eu hesitei um pouco na minha resposta. Uma parte do meu corpo estava sob um impulso de uma resposta positiva, e outra estava sob um recuo extremo e de um “não”.
- Huh… ok, pode ser, mas vamos continuar o trabalho ok?
- Claro.
Sinceramente não me estava a apetecer muito, mas como o meu estômago já roncava decidi acompanhá-lo.
Andámos calmamente pelas vastas ruas de Fort Sim, falando sobre alguns assuntos, nomeadamente o trabalho, que era o assunto que eu mais queria tocar, pois não estava interessada em ter uma conversa muito aberta com o Jake.
O frio começava a espalhar-se por todas as zonas da cidade, o que mostrava que o Outono tinha chegado para ficar. Algumas folhas das árvores já caiam. Umas vermelhas, outras castanhas. Cores quentes cobriam aqueles mantos de relva, tanto de parques como de bosques, acompanhados de uma brisa fresca típica do Outono.



Cruzei os braços, para me aquecer minimamente e disse:
- Parece que não vamos poder ficar numa esplanada…
- Não estava à espera que o tempo ficasse assim… Podemos ficar lá dentro.
Entrámos numa humilde pastelaria Francesa, onde os croissants predominavam nas numerosas montras de vidro brilhante. A decoração era clássica e bastante agradável de se ver.



Sentei-me com o Jake, e esperámos por um empregado. Provavelmente, eu ia comer um croissant coberto e recheado de chocolate derretido e para acompanhar um café.
- Então… tu nunca mais apareceste lá no campo de Rugby. – Disse o Jake.
- Não sou muito apreciadora de desporto. Apenas gosto de ver alguns jogos, e às vezes nem isso. Às vezes recebo críticas por não gostar de desporto…
- Críticas?
- Tu sabes… por não conseguir fazer algo, vem a turma toda para cima de mim.
O Jake riu-se um pouco. Apesar de querer ir para casa, sentia-me extremamente bem ao lado dele. O Jake, realmente, não é quem aparenta ser. Apesar daquele ar de convencido ele é um rapaz muito simpático e sociável. E eu tenho conversas muito interessantes com ele. Até estava a gostar daquele passeio.
Quando finalmente os meus tão desejados croissants chegaram à mesa, calei-me e comecei a comer.
A tarde naquela pastelaria nem correu muito mal. Até me ri bastante com o Jake, que se fartava de dizer piadas e de me alegrar. Sim… alegrar. Não sei o que se passa mas ultimamente tenho-me sentido muito em baixo, como se algo dentro de mim me estivesse a pôr neste estado. Algo que me deixa muito angustiada, embora não saiba mesmo o que seja.
- Estás bem, Melody? – Perguntou o Jake enquanto comia o seu croissant.
- Huh… sim, estou. Estava só a pensar numas coisas. Tenho dormido mal ultimamente.



- Mas porquê?
- Nada que queiras saber. Às vezes tenho isto. Não ligues!
Saímos da pastelaria, e, para meu espanto, tinha começado a chover.
- Boa… e agora como é que eu vou para casa? – Perguntei para mim mesma.
- Eu tenho aqui um pequeno chapéu-de-chuva na mala, se quiseres levo-te até casa.
- Oh, não é preciso. Não quero que te incomodes.
- Eu não me incomodo! Eu levo-te a casa.
- Obrigada.
Aquele acto tão prestável do Jake poupou-me de uma corrida até casa, que acabaria comigo toda encharcada. Quando cheguei a casa, agradeci-lhe mais uma vez, e dei uma pequena corrida até à porta, acenando-lhe com o braço.
- Quem era aquele rapaz? – Perguntou o meu pai, assim que me viu entrar em casa.
- É um colega meu. O meu parceiro de grupo do trabalho de projecto.



- Hum… olha, não saias mais de casa hoje…vai estar muito mau tempo. A meteorologia deu alerta vermelho de chuva.

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