Capítulo 17

Fechei a porta, e fui adiantar alguns trabalhos de casa que estavam por fazer. Quando abri a minha mochila, encontrei um papel, dobrado e anónimo. Desdobrei-o lentamente, um pouco intrigada e fiquei embasbacada.

“Querida Melody,
Desde que te vi nunca mais te consegui tirar da minha cabeça. Tens uma beleza desigual, que mais nenhuma rapariga tem. Os teus cabelos negros como o breu, os teus olhos como brilhantes esmeraldas e os teus suaves lábios que tanto eu quero beijar. Podes não gostar de mim, mas eu nunca mais irei gostar assim duma rapariga. És linda, por dentro e por fora, e eu amo-te.
Assinado:
Confidencial…”

Eu fiquei sem palavras com o que tinha acabado de ler. Nem acredito que tenho alguém apaixonado por mim. Quem será? Eu nunca passei por isto, nem nunca imaginei passar. Nesse momento o meu pai bateu à porta, e eu escondi rapidamente o papel.
- Mel vou-me deitar mais cedo, estou muito cansado.



- Está bem, Pai… até amanhã.
Deu-me um beijo na bochecha e saiu do meu quarto. De seguida, fui eu a deitar-me, pensando naquela carta que tinha recebido. Mas esse meu pensamento, desvaneceu-se no sonho que tive… Desta vez, foi completamente diferente.



Estava um homem… no meio de um campo verdejante. Estava desolado. Algumas lágrimas lhe escorriam pela face, o que dava a entender que estava a sofrer. Gritava, com o seu olhar a apontar para aquele céu arroxeado pelo pôr-do-sol.





Vi aquela capela… mas desta vez, muito mais colorida e… viva! Os campos e jardins estavam repletos de flores de mil e uma cores e várias pessoas a visitavam.



Mas acordei de repente, com aqueles risos de criança a apunhalarem-me os ouvidos, de novo. O que se está a passar?
Não tardou muito, até que o cansaço mostrasse o quanto era forte, deixando-me deslizar por entre os lençóis.
Voltei a acordar com os finos raios de sol a penetrarem pelas frestas dos estores, e que me iluminavam e aqueciam ligeiramente a face. Era de manhã.



Levantei-me, um pouco desnorteada e vesti-me como de costume. Por muito estranho que pareça, e é mesmo estranho, pois, eu nunca penso em nada de manhã, acordei a pensar naquela carta que tinha recebido. Estava ciente de que tinha de saber quem é que me tinha enviado. Precisava de saber.
Cheguei à escola, e a Cassie já não estava a mesma. Já dava para presumir que a Sarah tinha chegado, porém, o Jake ignorava-a a todo o custo, envergonhando um pouco a Sarah.
- Melody! Bom dia! – Cumprimentou-me o Jake.
- Bom dia…
Ele encostou-se a mim e deu-me dois beijos na cara… Eu sei, é bastante comum, mas foi muito estranho.
- Hoje continuamos o trabalho? – Perguntou ele.
- Sim.. claro. Quanto mais rápido melhor. Hoje à tarde pode ser?
- Claro… - Afirmou ele com um grande sorriso.
Devido ao meu atraso, nem pude passar pelo bar para comer algo, por isso fui logo para a aula de Biologia. Não sabia o que se passava comigo naquele dia, estava bastante ausente. Não é por ter de levar com duas horas de Biologia logo às 8:00H, mas sim porque não parava de pensar na carta… nem no sonho. O meu cérebro estava desligado da sala de aula, pairando por pensamentos e especulações, que me enchiam a cabeça e me punham cada vez mais desconfortável e impaciente. Agora que já não posso andar com a Cassie, devido à chegada da Sarah, acho que vou ter de procurar o “Anónimo” sozinha.
- Menina Knight! Pode explicar aos seus colegas o que eu acabei de dizer? – Perguntou a minha professora com um ar arrogante.



- Huh… Não sei ‘stora.
- Francamente… uma rapariga com nível 5 desatenta nas aulas. Isto vai já para a minha pauta!
- Desculpe… não volta a acontecer.
Nesse momento, a Sarah riu-se olhando para mim, mas rapidamente a professora lhe perguntou:
- Bom… Já que a sua colega não consegue explicar a matéria, porque não explica a menina Sarah Melo?
- Huh… Não sei…
Nesse momento, foi a minha vez de rir…
No intervalo deparei-me com o Dave… no bar. Nem queria acreditar.
- Dave! Que bom que vieste! Ainda bem que te queres socializar!
- Sim… bem… não é bem socializar. Tenho fome, e como me esqueci do lanche… huh… vim aqui! Mas vou já embora. – Ele estava muito tenso.



- Espera! Huh… podemos falar? Quase nunca falamos e… não tenho ninguém com quem estar, e tu também não, parece.
- Está bem.
Sentámo-nos, os dois, com dois bolos à frente, que me faziam crescer água na boca, com aquela massa doce e açúcar ralado por cima.
- Hoje estavas ausente na aula… deve ter sido horrível.
- O quê?
- Se chamada a atenção por um professor. Eu não sabia o que fazia…
- Calma… não é o fim do mundo ser chamada a atenção. Nós aprendemos com os erros…



- Como foi a festa na praia? – Aquela pergunta do Dave deixou-me impressionada, pois não fazia ideia de que ele sabia que eu tinha ido.
- Bem… não foi nada de especial. Apenas mais uma festa com pessoas snobs e ricas a reparar na aparência dos outros.
Nesse momento, a Sarah chegou, e o Dave apressou-se para a saída.
- Não! Espera, Dave!
Ele recuou, e sentou-se de novo, um pouco medroso.
- Não tens de ter medo dela!
- Olha quem decidiu sair do mundo da fantasia! – Exclamou a Sarah.
- Sarah! Pára com isso! – Disse eu, levantando-me da mesa.
- Desculpa, mas eu falei contigo? Não me parece.
- Não! Falaste com o Dave, mas acho que tenho o direito de te relembrar que somos todos iguais! O Dave tem tanto direito de estar aqui como eu… ou qualquer aluno desta escola.
- Sim, sim… como queiras. Ouve lá, Davi… é melhor ires para a tua adorada biblioteca, porque senão ainda me tombas os livros outra vez! – A Sarah estava a irritar-me.





- É melhor eu ir. – Disse ele com uma voz humilde.
- Não! Dave! Fica aqui, esta rapariga tem de aprender a ter maneiras.
Naquele momento, o Jake apareceu, com uma cara intrigada.
- O que se passa aqui?
- Dave! Meu amor! Diz àquele totó para sair! – Disse a Sarah.
O Jake aproximou-se do Dave com uma cara arrogante e erguida, com o dedo apontado, disse:
- Tu… chamas-te Dave não é?
- Eu vou-me já embora…
- Não… fica aqui. Aliás, tu nunca mais te vais esconder na biblioteca! És um aluno! E basta! Tu… Sarah Melo, tu é que devias sair daqui. Já que és tão rica e com uma vida assim tão ostenta, devias ter o mínimo de educação! Este rapaz é igual a todos nós… é igual a ti!
- Amor… o que se passa?
- Amor? Mas de onde foste tirar essa palavra? Eu não sou teu amor! Jamais serei! Tu não és meu amor… o meu amor… é outra pessoa.



A Sarah fez aquela sua expressão típica e saiu do bar. Eu fiquei muito impressionada com aquela atitude do Jake, nem podia acreditar. Ele surpreendeu-me bastante.

4 Response to "Capítulo 17"

  • mmoedinhas Says:

    Tá fantástico como sempre! Fiquei embasbacada quando a melody recebeu o bilhetinho. Fico a torcer para que seja do Dave.
    A Sarah levou uma tampa! A Sarah levou uma tampa!!!!! hihihihi Foi lindo! Quem me dera tar lá para filmar!
    Quero saber mais, mais, mais! Principalmente sobre o sonho misterioso...

    deg deg


  • Diogo Says:

    ADOREI MESMO, É PENA NÃO TERES CONTINUADO, adorei! CONTINUA POR FAVOR!


  • João Says:

    Eu estou a adorar!
    Nada melhor do que um bom episódio cheio de acção para recuperar de 3 dias em Sevilha!
    Quero mais!
    =)


  • Mr.Lis Says:

    Bem a Sarah e mesmo maluca xD
    Não gostei muito da atitude dela....


    De resto gostei de tudo ;)


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