Capítulo 16

No intervalo, tentei andar o mais possível com a Cassie, para o Jake não reparar, mas parecia que havia algo que nos juntava a toda a força: O trabalho de Grupo.
- Melody! Porque andas a fugir de mim? – Perguntou o Jake preocupado.
- Eu não ando a fugir de ti!
- Então porque ainda não me falaste hoje?
- Não calhou, e além disso não tenho nada para conversar.
- Mas agora temos. A data limite de entrega deste trabalho é no fim da semana. Temos de começar a trabalhar. Pode ser hoje à tarde?
Eu hesitei um pouco na resposta, mas não tive escolha. Era a minha nota que estava em causa.
- Pode ser. – Afirmei.
- Óptimo. Até lá. – Disse ele com um sorriso.



- Estou feita. – Disse eu para a Cassie, um pouco desanimada.
- Credo, rapariga! Mas o que é que o Jake te fez?
- Nada. Vamos para a aula.
A manhã passou de uma forma calma, sem Sarah e sem Cassie a pensar nela. Estava tudo a correr bem. Até que chegou a hora do trabalho.
Fui andando para a Biblioteca, adiantando algumas coisas, e esperando pelo Jake, que estava um pouco atrasado. Fui para as mesas dos computadores e comecei a pesquisar alguma coisa, acompanhada de alguns sons daquele sítio. O típico rebentar da pastilha elástica da Bibliotecária, o suave barulho da ventilação morna dos computadores, o som do folhear de alguns livros e claro aquelas vozes de fundo.



Quando finalmente o Jake chegou, lamentou a sua demora e começámos a trabalhar.
- Vai à secção de Ciências, eu vou procurar na Internet.
- Ok.
Ele nem trabalhava muito mal, mas quando nos sentámos um em frente ao outro para fazer cruzar informações, é que começaram as perguntas.
- Bem… no Sábado tu não estavas nada mal. Arranjaste um namorado… - Disse ele, folheando um enorme livro de Ciências.
- Ele não é meu namorado. É um amigo de longa data. Tu é que não estavas nada mal… com a Sarah. Até saiu no jornal e…
- Eu sei, e arrependo-me bastante. Nunca gostei da Sarah.



- Então porque a beijaste?
- Os meus amigos diziam que eu não era capaz e portanto…
Não acredito que o Jake fez tudo aquilo para mostrar aos amigos que era capaz.
- Isso é imoral. – Disse eu.
- Podemos continuar o trabalho?
- Claro. Pesquisa imagens… eu recolho informações.
Apesar das ordens, ele apoiou-se no braço e começou a observar-me.
- Huh… não vais fazer a tua parte? Dei-te a mais fácil… Vá, começa!
E ele lá começou, a folhear o livro, mas parecia desatento.

Acabámos uma parte do trabalho, mas ainda havia muita coisa para fazer, mas para um começo até nem estávamos muito mal.
Cheguei a casa, exausta e sem cabeça para nada. Pousei a minha mala no sofá e dirigi-me à Cozinha.
- Olá filha! Vieste tarde! – Disse o meu pai.
- Estive a fazer um trabalho de grupo. O jantar está pronto?
- Quase… estou a seguir uma receita que vi na televisão.
- Queres ajuda?
- Não, filha, podes ir descansar.
Fui para a sala e recostei-me no sofá. Como eu tinha saudades daquele confortável e morno sofá. Com almofadas a rodear o meu corpo e aquela sensação de paz e tranquilidade. Liguei a televisão e comecei a ver o noticiário. Tudo o que o locutor dizia transformava-se em ruídos nos meus ouvidos, fazendo-me adormecer durante instantes.



- Melody? Melody! Anda jantar, filha! – Acordei com a doce voz do meu pai, chamando-me para jantar. O cheiro vindo da cozinha até era agradável. O meu pai tinha-se esmerado.
E o cheiro não me iludiu, pois o jantar estava óptimo.
- Pai… isto está óptimo! De certeza que não encomendaste esta comida?
- Juro! Eu fiz esta comida. – Disse ele rindo-se um pouco. – Como estão a correr as aulas Mel?
- Bem… Este ano vou-me esforçar para ter uma boa média para a faculdade.
- E acho muito bem! Tens de te lançar, rapariga! És muito inteligente! Mas… eu estava a falar da tua turma. A festa ajudou-te a conhecer alguém?
- Não… continuam todos na mesma. Ah… encontrei o Ronald!
- A sério, Mel? Que giro! Como é que ele está? – Perguntou o meu pai, levando uma garfada com um monte de arroz.
- Bem… arranjou trabalho na praia.
- Esse rapaz nunca foi muito ligado aos estudos.



- Não, não… ele disse-me que queria juntar dinheiro para a Universidade em Twinbrook. Lá as universidades são óptimas.
- Estou muito impressionado. Um rapaz que chumbou dois anos consecutivos está agora tão atinado. As pessoas mudam mesmo com o passar dos anos. E tu? Já pensaste para onde queres ir?
- Nada de muito longe. Não quero sair de Fort Sim. – Por muito que não gostasse da minha escola e dos meus colegas, Fort Sim era a minha casa. Foi onde eu cresci.
- Mas aqui… não tens muitas possibilidades.
- Pai… dá-me tempo… por favor.
- Claro! Isso é uma decisão tua… e apenas tua. Não quero interferir.
- E quando é que vamos visitar a mãe? Podíamos fazer-lhe uma surpresa. Ela está no estrangeiro. Podíamos ir lá no Natal.
O meu pai, nesse momento, engasgou-se com a garfada que tinha levado à boca.
- Huh… receio que isso seja um pouco impossível, filha. A tua mãe… nunca pôde vir cá… se fossemos lá ao estrangeiro, ela mal tinha tempo para nós.
Levantei-me, mais uma vez desiludida com a resposta negativa que o meu pai tinha sempre na ponta da língua, sempre que se tratava da mãe. Lavei a loiça e fui para o quarto.

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