Capítulo 12



Saí da escola um pouco apressada, com aquela típica vontade de chegar a casa e esticar-me no sofá. Pelo caminho, não parava de pensar no dia seguinte, que me ia marcar para o resto do ano lectivo. Nem posso acreditar que aceitei ir àquela festa.
Cheguei a casa e vi um recado do meu pai no frigorífico:

“Querida,
Não tive tempo de te deixar almoço, e mesmo que deixasse não ias comer com certeza. Deixei-te dinheiro para ires comer a onde quiseres… diverte-te.
Muitos beijinhos… adoro-te.
PS: devias ir à festa dos teus amigos. Para te socializares e arranjares relacionamentos novos. Tens de esquecer os teus outros amigos… uma nova vida começou, Melody… vais ter de encarar isso.”

Detesto estes discursos de “novas amizades”. Mesmo que arranje novos relacionamentos, nenhum vai ser tão forte como o que eu tive com a Mary ou com a Cassie, embora agora a nossa relação esteja praticamente neutra ou negativa em termos de confraternização. Mas parece que o meu pai tem uma certa razão.
Peguei nos 8,50 simoleões que o meu pai me tinha deixado e dirigi-me para a Praça Central para ver onde ia comer.



Comi num humilde restaurante de Fast Food um delicioso Hambúrguer com queijo derretido, uma fina folha de alface e claro aquele disco de carne de vaca que me fazia querer repetir o prato.
Quando acabei de comer, fui espairecer um pouco ao agradável parque central, onde encontrei uma certa pessoa. O Jake… estava a correr em volta do parque, mas quando me viu parou logo.
- Olá Melody! – Cumprimentou-me limpando a sua testa com uma toalha. – Que surpresa ver-te por cá.
- Pois… vim almoçar. E tu? Não devias estar a preparar tudo para amanhã?
- O meu pai está a tratar de tudo… estou ansioso que vejas tudo… a decoração está fantástica não podes perder…



- Pois, imagino. Eu vou à festa.
- A sério? Que bom! Vais ver que não te vais arrepender. Queres acompanhar-me ao café para eu comprar uma garrafa de água? Estou ressequido. – Aquele pedido tão gentil, fez-me aceitar, mesmo estando ciente de que tinha muita coisa para fazer, a começar pela compra de um biquíni de jeito.
Quando chegámos ao café, fomos para a esplanada, onde me sentei pouco à vontade.
Mantive-me calada durante algum tempo, mas o Jake puxou logo conversa:
- Então, há quanto tempo estás nesta escola? Nunca te vi por lá…
- É natural, só vim para a tua turma este ano…
- Porque mudaste? – Perguntou o Jake levando a garrafa de água fresca à boca.
- Sinceramente, não sei porquê… foi à última da hora, não estava previsto. – Nesse momento, desviei o assunto para a Sarah. – Não sabia que namoravas com a Sarah.
Ele riu-se um pouco e continuou:
- Eu não namoro com ela… ela é que quer namorar comigo, mas eu não gosto dela. Trato-a por uma colega. Mais nada.



- Então porque te atiraste a ela na entrada?
- Melody, eu não me atirei a ela, só não podia dar-lhe desprezo… acho que fica um pouco mal num rapaz. Mas porque estás tão interessada?
- Nada… nada. Era só curiosidade. Huh… olha-me para as horas! Tenho de ir… Até amanhã. – Disse eu tentando escapar dali o mais rápido possível.
- Tchau!
Corri para a loja de roupa, antes que fechasse, e fui para a secção de biquínis.
- Não é um pouco tarde para usar biquínis? – Perguntou a lojista mascando a sua pastilha elástica irritantemente.
- Vou para uma festa na praia!
- Ok… são 4 simoleões por favor.
Dei o dinheiro, não acreditando que estava a desperdiçar a minha semanada com um biquíni que nunca mais ia utilizar na vida, e saí da loja.
Quando cheguei a casa, dei a notícia de que ia à festa na praia do Jake e o meu pai ficou muito contente, dando-me um beijo na testa.
E no dia seguinte, a minha sentença chegou. Acordei um pouco mais cedo para preparar a mala da praia com toalha e protector solar.
Quando estava a arrumar a mala, senti-me muito estranha. A minha cabeça começou a doer bastante e as minhas pernas fraquejaram. Seria da fome? Ou do cansaço? Não consegui pensar em nada naquele momento, apenas me sentei na cama esperando que tudo aquilo passasse. E nesse momento, vi umas sombras a andarem lentamente pelo meu quarto. Pararam numa esquina e começaram a fazer movimentos bruscos e a gritar. As vozes estavam distorcidas, ecoando pelo meu quarto.



Esfreguei os olhos e já lá não estavam. Estou a começar a ficar preocupada. Já não é a primeira vez que isto me acontece. Parece que estou a alucinar… a delirar. Não fazia ideia do que me estava a acontecer. Mas fosse o que fosse, estava a pôr-me preocupada e angustiada.

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