Capítulo 81
Fechei o papel, e deixei-me cair no sofá, atordoada e sem palavras para o que tinha acabado de ler. Sentia-me uma idiota. Naquele momento, se havia alguém que era covarde, era eu! Senti-me uma insensível, cruel por não ter percebido antes. Tudo aquilo que o pai fez, foi pela minha mãe. Foi a pedido dela que ele me mentiu, embora o fizesse contra a vontade, e eu não percebi isso!
Chorei, chorei, de punhos cerrados, mantendo o papel seguro na minha mão. Nem queria acreditar no que tinha acabado de descobrir. O meu pai não teve culpa nenhuma, foi a minha mãe que lhe pediu. Mas também não conseguia estar chateada com a minha mãe… afinal, ela estava prestes a morrer, e queria certificar-se de que eu tinha uma vida sem sofrimento, e promissora.
Ele devia estar deprimido, abalado… triste, tudo por minha causa, que não quis saber do motivo que o levou a esconder-me a morte da minha mãe. Ele usou esse segredo como uma imortalização do seu amor com a mãe, mantendo-o bem guardado no seu coração.
* * *
Parei o carro no parque de estacionamento mais próximo, ficando de frente para o local que eu tinha esperanças que guardasse a página do meu diário. Tremia por todos os lados. E se alguém tivesse lido o papel? Como iria eu confrontá-los?
Toquei à campainha.
* * *
Nesse instante, alguém tocou à campainha.
- Eu vou lá, avó! – Disse, enquanto me encaminhava para a porta, limpando as minhas lágrimas, o papel bem seguro nas minhas mãos.
Abri a porta, e quase que me recusei a acreditar.
Nesse momento, nem sabia se havia de chorar, de gritar ou de simplesmente abraçá-lo infinitamente. Era o meu pai!
- Melody! – Exclamou.
O seu olhar desviou-se para a minha mão, que agarrava o papel. Aí, a sua expressão mudou rapidamente, enquanto olhava, ora para o papel, ora para os meus olhos, dos quais já brotavam lágrimas, ou de alegria, ou de emoção.
* * *
Estava diante da minha filha! Ela estava em casa da avó dela!
Pelos vistos, tinha sido tarde demais para recuperar aquele papel. A Melody muito provavelmente já o tinha lido, e descoberto tudo, embora esse facto pouco, ou nada, me importasse, comparado com a euforia que estava a sentir por apreciar a sua beleza, outra vez, que, naquele momento, se mostrava mais luminosa do que nunca.
* * *
- Pai… - Murmurei. – Pai…
Nesse momento, a avó saiu disparada da cozinha, limpando as mãos a um pano velho.
- Quem é, Melody? – Ao dizer aquilo, estacou, ao ver-me abraçada ao meu pai.
Abracei-o com todas as minhas forças, quase me atrevia a dizer que podia estar ali, a abraçá-lo, para sempre.
- Desculpa, pai! Desculpa! – Lamentei, enquanto chorava desalmadamente, não largando, nem ele, nem o papel.
- Mas o que se passa aqui? – Perguntou a minha avó, com um misto de indignação e emoção.
O pai caminhou em direcção a avó, sorrindo-lhe meticulosamente, e dizendo:
- Lydia, acho que lhe devo uma explicação. Não vale a pena estar a esconder mais isto. Acho que chegou a altura de lhe contar tudo.
- Essa altura já tinha chegado há que tempos, George.
- Eu sei… - Olhou para mim, com os olhos a brilharem. – Mas fui um covarde… e não tive coragem de dizer.
Pediu-me o papel, dando-me apenas um sinal, que eu entendi mecanicamente, e rapidamente o dei para as suas mãos.
- Leia isto… - Pediu, dirigindo-se de novo para a avó.
Sentamo-nos todos no sofá, aguardando que a avó acabasse de ler o papel. Não tardou muito até lhe brotarem dezenas de lágrimas dos olhos e olhar para o meu pai, com um misto de gratidão e tristeza.
- Foi a minha filha que to pediu? – Indagou, não parando de olhar para o papel.
- Foi… - Respondeu o pai, olhando para mim e para a avó. – Eu sei que vocês, como família da Melody, deviam ter sabido primeiro do que ninguém, mas ela pediu-me que guardasse este segredo com a minha vida, pois podia haver alguém que não concordasse, e que, mais tarde, dissesse à Melody, júnior – olhou para mim, com um ligeiro sorriso - toda a verdade, e a sua filha não queria isso.
- Agora… - Prosseguiu a avó. – Agora, eu compreendo-te, George! A Melody confiou em ti, e tu cumpriste com a tua palavra… Mas… a minha filha estava ciente que, no futuro, seria impossível esconder mais esta mentira, não estava?
- Penso que sim… foi a primeira coisa que pensei quando ouvi o seu pedido, e que me suscitou logo várias dúvidas. Mas a Melody pediu-me para não me preocupar com o futuro, apenas com o presente, e assim o fiz. Tenho tantas saudades dela! – Começou a chorar, levando as mãos à cara.
- Todos nós temos, George. – Disse a avó, também começando a chorar. – Ela era uma jóia de mulher. Bondosa, divertida, responsável. Ela estará sempre nos nossos corações… sempre…
Que lindo mesmo, adorei muitas das frases que aqui colocas-te muito mas muito boa a tua imaginação, por estes capitulos ve-se que esta no fim mas ainda espero mais vindo de ti, começo a ter saudades de algumas outras personagens!
LINDO E MAGNIFICO! UMA NARRATIVA UNICA!
Que lindo!
Amei!
Cheio de emoção! Aquele encontro entre a Mel e o pai... *-*
Lindíssimo!
Continua, please... u____________u
ohhh juro que me veio lágrimas aos olhos! Que emoção... ª.ª
Está mesmo lindo, este momento foi tao especial... O raio do papelito sempre ajudou em alguma coisa!
Está mesmo lindo, a sério, mesmo maravilhoso...
Quero saber como vão acabar as aventuras da Melody junior xD
P.P.S: o cabeçalho novo tá lindo! Super romantico <3