Capítulo 106
Os jantares comigo e com o pai já eram, por si, divertidos, mas naquele momento, com o tio Arthur, tornavam-se ainda mais! Ainda nem podia acreditar que o pai o tinha finalmente perdoado! Dezoito anos de pura rivalidade, mal se falavam, e agora estavam todos bem.
Claro que, tal como eu presumia, tiveram de colocar muita conversa em dia, por isso dirigi-me à sala para ver um dos meus programas preferidos, que ia passar na televisão daí a uns minutos.
Sentei-me no sofá e olhei outra vez para o saco do tio Arthur. Era um saco de plástico já desgastado, mas que no entanto não deixava revelar o que estava lá dentro. Senti-me tentada em abrir o saco e ver o que estava no seu interior, mas não queria mexer nas coisas do tio, ele podia ofender-se.
Mas não tive muito tempo para tentar desvendar o que estava dentro do saco.
- Já vi que a viste… - disse o tio Arthur, encostado ao vão do arco que dava acesso à sala, com um copo de Whisky na mão.
- Vi o quê? – perguntei, confusa, mas com um sorriso na cara.
- Ah, então parece que ainda não o abriste. Esperava que já a tivesses visto.
- Pensei que fosse algo de importante, percebes… só teu…
- E é importante! – exclamou, sentando-se no sofá e pousando o copo na mesa de apoio.
Pegou no saco e colocou-o ao seu lado. Ficou a olhar para ele durante alguns instantes, com um sorriso carinhoso na cara.
- Isto é para ti. É um presente muito especial!
- Para mim? – perguntei, surpreendida.
- Sim! Para ti! Abre!
Peguei no saco e abri-o. Senti um misto de nervosismo e curiosidade a invadir-me o peito. Não estava á espera de um presente!
Quando olhei para o interior do saco fiquei perplexa!
Era média, de cor vermelha, com serpenteantes padrões florais e com um coração branco na tampa. Era feita de uma madeira macia, embora um pouco farpada nos seus vértices. Num dos seus flancos havia uma manivela de metal, com a pega de borracha. A caixa de música que tinha visto na Igreja quando lá entrei pela primeira vez!
O tio Arthur não conteve a sua gargalhada genuína ao ver a minha cara surpreendida.
Mantendo essa expressão, rodei a manivela lentamente e quando a caixa se abriu num ruído suave, desenhei um largo sorriso.
Mal a caixa se abriu, uma música de embalar espalhou-se por toda a casa. Aquela música… eu tinha a certeza que já a tinha ouvido antes, porque lembrava-me dela como se já a tivesse ouvido, em tempos. Sentira o mesmo quando a ouvi na Igreja.
A bailarina rodopiava, embora através de soluços devido a ter alguns anos, achava-a encantadora. O seu vestido cor-de-rosa, um pouco sujo, com os seus pormenores ainda sobressaídos, fizeram-me brilhar os olhos.
E a música não parava de tocar…de tilintar a cada nota musical, a cada soluço da sua bela melodia...
- Eu fiz essa caixa, antes de tu nasceres, para te dar como presente, quando nascesses.
- A sério? Fizeste esta caixa?
- Sim… eu era muito dado a trabalhos manuais e achei que me sentiria bem em fazer-te essa caixinha de música. Ouviste-a pela primeira vez, quando estavas no teu berço. Não tiravas os teus olhinhos da bailarina… os teus olhinhos verdes, como os da tua mãe!
- E os teus! – disse, sorrindo.
- Vejo tanto dela em ti, Melody. Vocês são tão parecidas!
O tio Arthur sorriu ligeiramente, com os seus olhos a brilhar intensamente. Fixava, ora os meus olhos, ora a caixinha de música. Foi então que decidi perguntar:
- Hum, tio, o que aconteceu à caixa? Ela foi parar à igreja… como?
Ele baixou a cabeça, olhando, agora, para o tapete do chão da sala. Não tirava o seu sorriso da cara.
- Não é uma história muito bonita… foi num dia em que tu e o teu pai discutimos e… não interessa! O que interessa agora é que a caixa é tua agora! Agora podes ouvi-la sempre que quiseres, querida!
- Obrigada tio… vou guardá-la para sempre! – exclamei, abraçando o tio Arthur ternamente.
- Bem… - disse, enquanto se levantava do sofá – já é tarde e eu tenho de ir-me embora… amanhã acordo cedo.
Nesse momento o meu pai chegou à sala, limpando as mãos a um pano, mostrando que estivera a arrumar a loiça… ou apenas a disfarçar.
- Amanha vais dar uma arrumadela lá na Igreja? – perguntei, tentando arranjar motivo para o tio Arthur se levantar cedo, no dia seguinte.
- Não… aliás, não a vou dar tão depressa! Vou para a quinta do meu pai. Do teu avô! Vai-me fazer bem espairecer… esquecer algumas coisas que passei aqui em Fort Sim. Sabem – dirigiu-se a mim e ao pai – depois das más experiências, o stress que se vive… as tristezas que sentimos, aquela… nostalgia, faz-nos bem parar para pensar! E é exactamente o que eu vou fazer! Vou sair daqui de Fort Sim para arrumar as minhas ideias e preservar a sanidade que ainda me resta!
Rimo-nos, em conjunto. Aquelas palavras do tio Arthur fizeram-me pensar numa coisa… ninguém é de ferro. Por breves momentos da minha vida dizia para mim mesma que era capaz de superar tudo e todos que se opusessem à minha frente, de todos os obstáculos. Mas depois dei por mim deitada na cama a chorar desalmadamente. Uma pessoa mantém-se objectiva por muito tempo, fixando apenas o auge da sua vida, profissional ou económica, e por vezes esquece-se dos seus sentimentos, do que realmente deseja, dando com ela a deixar-se levar pelo ímpeto de angústia e tristeza que se trancaram no seu coração durante vários anos. Nós não podemos controlar os nossos sentimentos, embora às vezes achemos que podemos!
- … e por isso é que ele voltou para a Quinta… ele preserva-a imenso! – apenas ouvi o fim da breve conversa que o pai e o tio Arthur tiveram mesmo à porta de casa. Tinha-me distraído por completo – bem, agora vou mesmo – anunciou o tio Arthur, dirigindo-se novamente a mim e ao pai.
Dei-lhe um beijo de despedida, e de seguida um forte abraço. O pai acompanhou-o à porta, enquanto eu me dirigia à sala, olhando para a caixinha de música que segurava. Abri-a…
E a música não parava de tocar…de tilintar a cada nota musical, a cada soluço da sua bela melodia...
________________________________________________________________
E agora uma pequena surpresa! Um novo Poster da Melody! E mais não digo! ;D
Para verem o poster cliquem AQUI
O Arthur vai embora :( Ohhh pensei que ele fosse ficar e tal, todo contente com a Melody... enfim *suspiro*
Pensei que a caixinha de musica pertencia à mãe da melody... Mas afinal foi o arthur que a fez para a melody (jr) o que torna ainda mais fofi! ª.ª Só tenho uma pergunta... Porque é que quando a Melody entrou na igreja ouviu a caixinha a tocar? Foi o arthur que quis recordar a sua linda melodia? OU foi o alguma coisa toda sobrenatural que abriu a caixa para atrair a melody para o arthur???
Mas a historia continua toda epica...
Pergunto-me quando ira acabar (claro que nao quero que acabe lol...)
Obrigado, mmoedinhas! E sim, estavas certa, foi o Tio Arthur que a abriu para a Melody ouvir a caixa de música, para a atrair!
E já agora anuncio, que a série está mesmo mesmo no fim! ;D
Obrigadooo!
LINDINHO! LINDÃO!
Oh pah, fogo, ele não se devia ir embora, aquele mau... -.-
Mas bem, tem que ser, né?
Continua com esta linda história! *.*
Ja li e adorei. Li-o onetem :p mas como nao consegui ver a imagem do poster decidi nao cometar.
ADOREI e so espero que a Melody faça as decissões acertadas e que continues com esta bela historia! ;)
PFF :D