Capítulo 73

***

Depois de uma torturante troça por parte da turma por eu e o Jake não conseguirmos resolver o exercício feito pela professora, saí de rompante da sala quando deu o toque de saída e dirigi-me para o pátio da entrada da escola.
- Tu ficas? – Perguntou o Jake, colocando o capacete e montando na sua mota.
- Sim, fico. A esta hora já o meu pai deve estar em casa da minha avó. Almoço por cá…
- Podes almoçar em minha casa, se quiseres…
- Não, obrigada.
- OK, então… tchau. – Despediu-se, dando-me um rápido beijo.
Fiquei durante alguns segundos a observar a sua mota, afastando-se progressivamente da escola.


Aquelas próximas horas iam ser um pouco torturantes, mas eu sabia exactamente o que fazer, quando fosse para a biblioteca.

***

- Entra, George. – Pedi, com um sorriso hospitaleiro. Até a sua maneira de andar parecia de um homem quase sem vida.
Notava, pela sua expressão, que ele sentia saudades da Melody, e se calhar eu era a última esperança, para encontrar a sua filha.
Servi o chá de limão, enquanto o George olhava em redor com um misto de tristeza e fascínio.
- Está tal e qual como me lembrava… A última vez que vim aqui foi quando vim buscar a sua filha para o Baile de Finalistas.


Sorri-lhe. Não sabia se havia de responder, todas as recordações do passado deixavam-me muito abalada, e ao George também, obviamente.
Quando acabei de servir o chá, recostei-me no sofá e preparei-me para ouvir o que o George tinha para me dizer. Eu já sabia, mas tinha de me mostrar surpresa.
- Então, o que me queres contar?
- É a Melody… Ela descobriu tudo…
- Tudo o quê?
Respirou fundo, pousou a sua chávena de chá na mesa de centro, e prosseguiu.
- Descobriu que eu lhe menti durante estes anos, descobriu que eu sempre encobri a morte da sua mãe…
- Eu sabia que isso ia acontecer, mais tarde ou mais cedo. – Disse, com um pouco de desdém no tom da minha voz.


- Eu também, mas não tão cedo! Como é que ela terá descoberto? Alguém lhe disse?
- É pouco provável…
- Então? Então como é que soube? Viajou no tempo ou assim? Não percebo…
- Não é disso que te tens de te preocupar agora… tens de te preocupar com a tua filha. Ela deve estar destroçada…
- Não faço ideia… mas é provável que esteja. Ela fugiu de casa. Estou desesperado, não sei onde é que ela está. Pode estar a viver na rua… ao frio… pode estar a passar fome. Não sei nada dela… Ela tem o telemóvel desligado!


- Tu podias ter evitado tudo isto, se lhe tivesses contado antes…
- Não podia! Não podia!
- Porquê, George? – A sua cara de desespero punha-me extremamente deprimida.
- Eu… Eu não… Não posso dizer…
- Que absurdo… a Melody já descobriu tudo, e mesmo assim continuas a encobrir factos que já não fazem sentido estar encobertos. Tu não percebes, pois não?


- Quem me dera contar a toda a família… a todos os meus amigos a razão pela qual eu encobri a sua morte… Mas não posso!
- Porquê? Isto é absurdo… George, estás a estragar a tua vida!
- Isso já não me importa… A minha vida já não faz sentido. Sinto-me… inútil. Sinto-me um fardo, um covarde. Um covarde que bateu na sua própria filha…
- Tu bateste na Melody?
- Fui impulsionado pelos nervos… - As suas mãos tremiam, como as mini-gelatinas que eu costumo fazer. – Bati-lhe no dia em que discutimos, quando ela descobriu tudo. Se calhar ela tem razão em odiar-me.
- Talvez tenha… Tu nunca bateste na Melody… nunca!
- Eu sei disso, OK? – A sua voz tornou-se mais grave e mais fria. – Desculpe… - Lamentou, baixando de novo a sua cabeça. – Você não sabe onde eu a possa encontrar?


Hesitei.
Depois de tudo o que ele me disse, expressando a sua dor, senti hesitação nas minhas palavras.
Mas não… não podia. Se a Melody não se sentia preparada, não podia ser eu a tomar as suas decisões. Ela já é uma mulher.
- Não… Não sei. Quem me dera poder encontrá-la por ti, mas ela deve estar bem. Ela provavelmente foi para casa de alguma amiga, para esquecer tudo isto. Dá-lhe tempo, mais tarde ou mais cedo ela irá regressar a casa, e vocês viverão felizes, em família.
- Deus lhe ouça. Bem… vou andando para o emprego. Ao menos o trabalho ajuda a distrair-me.
Levantou-se.


Acompanhei-o à porta, e despedi-me.



6 Response to "Capítulo 73"

  • Broken Doll ♥ Says:

    uuuuuuuu!!!!! prok será que ele não pode contar, tera sido a mae da mel que lhe pediu e o 'misterioso" papel no chão seja uma carta ?
    a unica coisa que eu sei e tenho acerteza e que adorei este capitulo!

    A-DO-REI!!!!!!!


  • Mr.Lis Says:

    Adorei !!

    Ficou um papel no chão...
    Será o bilhete que a Mel deixou ao pai ?...

    Espero para ver ;)


  • João Says:

    Hummmmmmmmmmmmmm, que será essa pequena carta deixada no chão da sala?
    Hum?
    Não queres lançar já outro episódio para nos contares?
    Não?
    Oh, que pena...
    Mesmo assim, fico ansiosamente à espera de mais!
    u_____________u

    PS: AMEI o epi! xD


  • Diogo Says:

    Adorei muito!!!
    A primeira foto á que destacar! e bem o resto da hisotira ta muito bem! beuda fixe!
    E a carta uii! adoro quando deixam misterios para outro capiutlo!
    ESPERO ANCIOSAMENTE!


  • mmoedinhas Says:

    AIIIIIIII Os teus capitulos fazem-me ficar sem unhas!!!!!!!!!!
    Agora ando para aqui com os nervos ao maximo por causa do papelito! kkkkk Tu e o teu suspense!

    A moto do Jake é de... *baba-se* Quero uma igual! Carros não prestam. As motos só mandam estilo! xD

    Anda lá, que se não fico sem unhas e dedos!


  • ¡๓εร Says:

    Que máximooo!!

    Agora fiquei curiosa!! Porque será que o pai da Mel não quer contar o seu segredo?? (ok, talvez porque seja segredo... mas pronto.. XD)
    Ahhh e aquele papel!! Uma carta??!!

    GRRR... detesto quando fico assim................. Mas vale a pena!!! xD

    Huuuummm........ Agora não vou conseguir dormir!! :(

    LOOL, AMEI, ADOREI!!! AHHH!!!

    XD


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