Capítulo 37

Estava deitada na minha cama, a olhar para o tecto e a pensar naquilo que vi na Televisão. Os meus lençóis estavam amachucados e iam-se amachucando ainda mais quando me movia lentamente de um lado e para o outro. As minhas lágrimas tinham secado… tinham secado por uma simples razão: Ódio. A minha tristeza rapidamente se transformou em raiva, euforia… ódio. Apesar de ainda não querer acreditar, estou diante de uma realidade que tenho que encarar inevitavelmente. A Cassie tem de desaparecer da minha vida. Eu tenho de ser forte! Não posso estar presa ao passado como se a minha vida dependesse disso. Não posso estar a remoer em pensamentos dos quais é impossível tirar qualquer conclusão. Não posso chorar por uma amiga que me esqueceu por completo.



Nesse momento, o meu pai bateu à porta do meu quarto pedindo para entrar.
- Entra… - Disse com uma voz fraca e trémula.
O pai abriu lentamente a porta, que chiava à medida que era aberta. Não me mexi do meu lugar… não limpei as lágrimas. Para que me servia isso? Para ficar ainda pior? Para quê esconder mais esta minha tristeza de alguém que eu sei que posso confiar?



Sentou-se levemente na minha cama, arredando algumas almofadas fora do sítio. Permaneci imóvel, deitada, apenas com as mãos a apoiarem-me a cabeça, que latejava dolorosamente.
- Melody… o jantar está pronto. – Disse o pai calmamente enquanto me acariciava a cabeça.
- Não tenho fome…
- Tens de comer, filha. Não podes estar tanto tempo com o estômago vazio!
Levantei-me com a mão na testa das dores de cabeça que tinha e olhei para o meu pai que estava com uma expressão preocupada.
- Sinto um nó no estômago, pai.
- É por causa da Cassandra?
- Sim… Desde o início do ano que me tenho conformado com facto de não sermos melhores amigas como dantes, mas o que ela disse hoje não sou capaz! – Expliquei enquanto soluçava com as lágrimas a caírem-me pelo rosto.
- Tens de esquecer a Cassandra! Tal como ela te esqueceu a ti…
- Não consigo pai! Não consigo… Todos estes anos estive na sua companhia, a passarmos momentos únicos juntas, a ajudarmo-nos mutuamente… a sabermos que nada nos iria separar! Agora… todo o tipo de barreiras se atravessaram à minha frente a impedir-me de continuar com a minha vida e a fazer-me olhar para o passado cada vez mais!
- Melody…
- Não consigo esquecer aquelas tardes de Verão que nos riamos juntas e conversávamos infinitamente! Não consigo esquecer as fotografias que tirávamos juntas em qualquer sítio que parávamos… seja no jardim, na praia, no Centro Comercial… Simplesmente não consigo!
O meu pai envolveu os seus braços nas minhas costas, encostando a minha cabeça ao seu ombro e dando suaves beijos na cabeça como tentativa de me acalmar.



- Isso vai-te passar, Melody… pensa que isto tudo é apenas uma fase difícil da tua vida e que a vais ultrapassar com todas as tuas forças!
- Não…
- Pensa que tens uma vida promissora pela frente e que vais agarrar cada oportunidade com garras e dentes! Onde está a Melody corajosa que eu tão bem conhecia? Sê forte!
Com isto, deu-me um forte abraço encostando a sua cabeça à minha. Já há muito tempo que a sensação de carinhos de família estivera adormecida dentro de mim, mas naquela noite, tudo voltou à flor da pele. Mas lembrando-me de todas as visões e vozes que tenho ouvido na minha cabeça o meu animo voltou rapidamente a diminuir, pelo que prossegui com o meu desabafo.
- E não é só isso. A minha cabeça tem estado a transbordar de preocupações por causa…
- Simplesmente não penses nisso, Mel!
- Mas…
- Tens de ser forte, miúda! Tens de avançar com a tua vida! Agora levanta-te dessa cama, vai lavar a cara com água fria e vem comer o teu prato preferido!
- Almôndegas? – Perguntei eu começando a sorrir ligeiramente.
- Exacto! Anda daí!
Levantei-me da cama continuando com as pernas ligeiramente trémulas e dirigi-me à casa de banho, onde lavei a cara.



Apesar das palavras reconfortantes que o meu pai me disse, eu continuava cada vez mais abalada, e não só pela Cassie… por tudo… tudo o que se tem passado na minha vida, que se encontra, literalmente, de pernas para o ar.
Enquanto descia as escadas para ir jantar, já um pouco fora de horas, a minha dor de cabeça foi-se acentuando cada vez mais, até me fazer parar no degrau do meio. Levei a mão à cabeça e fechei os olhos. Não consigo descrever muito bem o que senti nesse momento… apenas me lembro…









… de várias imagens, aterradoras, a passarem muito rapidamente pela minha cabeça como um relâmpago. Dei um forte suspiro, apoiando-me no corrimão da escada.
- Melody! O que se passa? Está tudo bem?
Para responder àquela pergunta apenas me endireitei, mudei de expressão, que aparentava dor e má disposição, e apenas respondi entre os dentes um “Sim” em tom reduzido.
Claro que não convenci o meu pai, pois ele continuou com a sua cara preocupada e intrigada. Desci as escadas em passo lento e dirigi-me à cozinha, onde comi forçadamente para não receber mais aquele olhar preocupado do pai que me fixava sempre que me sentia estranha ou preocupada.
Mal acabei de comer, aninhei-me na minha cama e tentei adormecer… com sucesso.



Na manhã seguinte, não acordei com aquele sono e moleza que me envolvia o corpo todos os dias, fazendo-me implorar mais cinco minutos ao meu pai, que me acordava pela segunda ou terceira vez. Na verdade, até fui eu a acordá-lo duas ou três vezes.



Enquanto se vestia rapidamente, ia-me dizendo, de um quarto para o outro, que não me podia levar à escola, estando atrasado para o emprego. Sinceramente, já me habituei a estes clichés: O meu pai acorda tarde, levanta-se subitamente da cama, veste-se rapidamente e enquanto se prepara vai-me dando as más notícias lentamente, para quando eu tiver oportunidade de me manifestar ele já estar a entrar no carro e a ir para o emprego aceleradamente.
Eu também tive de me apressar, embora não estivesse com cabeça para encarar a Cassie com a sua “nova amiga”. É óbvio que a Sarah quis que a Cassie fizesse papel de sua amiga, para ter um assunto de conversa com os Jornalistas que cada vez mais invadem a Escola em peso, dando ordens aos Operadores de Câmara para os seguirem até à Sarah. Resumindo, a minha Escola tornou-se um palco para a Sarah brilhar.
Cheguei à Escola e apressei-me para pôr as minhas coisas no Cacifo para me refugiar na Sala de Aula, evitando os desfiles da Sarah, e agora da Cassie, e os Jornalistas a perguntarem coisas aos altos berros. Mas foi tarde de mais. Assim que cheguei à Escola já elas estavam a ser o centro das atenções, rodeadas de Jornalistas e, claro, dos alunos da Escola.






5 Response to "Capítulo 37"

  • João Says:

    Perfeito!
    Adorei o capítulo!
    E Odeio a Cassandra... Já nem merece que lhe chamem Cassie... Estúpida! Má! Horrível!
    Não gosto nada dela... Eu não gostava da Sarah, mas agora ainda gosto menos da Cassandra...
    Mázona...-.-


    Continua com esta maravilhosa história, please! =)


  • Diogo Says:

    Digo.te sinceramente que para mi lelo na foi nada facil! Mas li pela cativação e pela maenira birlhante de escrever! Parabens! E LAMNETO MUITO PELA SUA VIDA DE AGORA| é um eclipse total do coração lol hahaha lol


  • Mr.Lis Says:

    Gostei muito =D
    Cassie...
    Cassandra...
    Ela e uma parva!

    Coitada da Mel


  • Tudy Says:

    Obrigado a todos! xD


  • mmoedinhas Says:

    Concordo com o Desi! Gosto ainda menos da Cassandra do que da Sarah! ahhhhhhhh!!!!! estou furiosa!!!!! Estupidas! Horriveis! Parvas! arg!!! A Cassandra com aquele cabelozinho! Só me aptece cuspir nele!!!!!!! Que vá para um sitio que eu ca sei!

    Mas esqueletos? Ai Melody leva-me contigo!!!!!! Quero desvendar isto contigo!!!!!!

    Isto tá a ficar interessante...


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