Capítulo 41



- Eu… Eu não sei, Jake. Isto foi tão rápido! Preciso de pensar!
- Então pensa, agora!
- Por favor, não me pressiones!



- Eu não te estou a pressionar! Eu gosto demasiado de ti para ficar a noite inteira sem pregar olho a pensar na tua decisão. Diz-me, Melody! Tu sentes o mesmo por mim?



O meu coração batia freneticamente como se me saltasse da boca pelo nervosismo que me envolvia naquele momento. Respirava profundamente, mas parecia que não era suficiente para aliviar aquele aperto que sentia no peito. As minhas pernas tremiam inacreditavelmente e os meus olhos estavam mais arregalados que nunca.



Mas pensei. Pensei em todos os momentos que passei com o Jake, lembrando-me que sempre que o via, seja de longe ou de perto, o meu coração batia anormalmente. Lembro-me que quando o Ron me beijou forçadamente na festa da praia, que senti que estava a magoar o Jake, não só pela sua cara de desgosto, mas pela angústia que me cobria o peito, fazendo-me abandonar aquela festa sem coragem para me mostrar a quem quer que fosse. Lembro-me de todos os encontros amigáveis que tivemos, que conseguia esquecer momentaneamente todos os meus problemas, incluindo, aquele que tinha passado há nem dois minutos. Lembro-me de quando fixei os seus olhos azuis na Biblioteca, que me senti estranhamente nervosa e ansiosa.
Todas estas recordações fizeram-me olhar para o Jake, que me fixava incansavelmente aguardando uma resposta, pelo que me fez dizer um “Sim” num tom hesitante.



A sua expressão mudou repentinamente, desenhando um sorriso de satisfação na sua cara, e beijando-me amorosamente.



- Bem… agora tenho de ir! Já é tardíssimo, o meu pai deve estar a esperar por mim para o Almoço. Afinal de contas, é suposto eu sair da Escola agora não é? – Aventei enquanto olhava envergonhadamente para o chão.
- É. Bem… até amanhã!
- Até amanhã.
Demos um rápido e tímido beijo e seguimos o nosso caminho.
Percorri metade do Quarteirão de vivendas que serpenteavam aquela rua e parei em frente a uma densa e verdejante Floresta que, ao fundo, me permitia visualizar a Igreja. Para além de me sentir nervosa, ansiosa e contente pelo que se passou no campo, sentia-me também angustiada e tentada a entrar naquela Igreja e contempla-la mais do que nunca.



Peguei no meu telemóvel, o qual já estava com a bateria fraca, e escrevi uma mensagem rapidamente ao meu pai.

“Pai, vou chegar mais tarde a casa. Não te preocupes, vou estar na Escola a terminar um trabalho, e posso comer qualquer coisa no Bar. Há Pizzas no congelador, acho que isso tu consegues fazer :P
Beijinhos, adoro-te
Melody.”

Guardei o Telemóvel na minha mala que, naquele dia, não me pesava assim tanto, e perfurei a densa vegetação que se encontrava no coração daquela zona. Dentro da mesma, havia inúmeros bancos de Jardim a acompanhar o percurso das árvores, juntamente com um carreiro de pedra esbranquiçada, já coberta por uma espessa camada de terra e gravilha. As copas das inúmeras árvores que sombreavam aquele sítio, encontravam-se com cores mortas, fazendo-me aperceber que o Outono tinha vindo para ficar.



Uma suave brisa percorreu-me o rosto fazendo-me inalar o apaziguador cheiro da terra humedecida pela chuva. Aquele Jardim encontrava-se completamente vazio, apenas eu o percorria como se estivesse perdida na imensidão de um deserto quente e mortífero.
Avancei alguns passos, permanecendo a olhar em redor, para as copas das árvores com uma mistura de cores mortas e primaveris.
Mas de repente, senti a minha angústia a trepar tortuosamente o meu coração, fazendo-me parar no meio daquele denso jardim. Comecei a ter uma intensa falta de ar, como se o oxigénio à minha volta estivesse a escassear rapidamente. Levei a mão ao peito e, com os olhos semicerrados, ao longe, junto de uma árvore, encontrei uma mulher, com um vestido branco e um cabelo visivelmente negro. Logo me apercebi que era a minha mãe, e que estava, novamente a alucinar. Mas naquele dia foi diferente. Pela primeira vez, as minhas “visões” contactaram comigo como se estivesse mesmo junto de mim.
- Melody… - Chamou a mulher que, supostamente, aparentava ser a minha mãe.



Ao chamar pelo meu nome, fez um gesto que me pedia para a seguir, e rapidamente avançou pelo carreiro de pedra esbranquiçada. Eu, intrigada e preocupada com aquela situação, corri na direcção do vulto que andava aceleradamente.
- Espera! – Vociferei enquanto corria.
- Melody… - Repetiu o vulto – Segue-me...



Corri com todas as minhas forças, olhando em redor e apercebendo-me que aquele caminho era completamente desconhecido por mim, fazendo-me pensar na hipótese de estar perdida no meio daquele imenso Bosque.



Quando finalmente parou, desvaneceu-se no ar enevoado que circundava a Igreja, apontando para a mesma. Olhei, ofegantemente, para a Igreja, na qual se fazia ouvir a melodia dos sinos que tocavam incansavelmente.





Andei, num passo hesitante, até à Igreja. O som dos Sinos ia-se acentuando progressivamente, entrando-me suavemente pelos ouvidos. O meu coração batia cada vez mais rápido, pondo-me ainda mais nervosa e receosa de estar naquele lugar.
Aproximei-me da enorme porta de madeira envelhecida da entrada da Igreja e bati lentamente. Ninguém respondeu, apenas consegui ouvir o vento a interceptar as copas verdejantes das árvores que a circundavam. Reparei que a porta se encontrava encostada e decidi empurra-la com todas as minhas forças, pelo seu doloroso peso. Chiou à medida que era aberta, libertando finos e ligeiros grãos de pó que constituíam uma densa camada agarrada à porta de madeira clara e velha. Um cheiro a mofo proveniente do interior da Igreja invadiu-me as narinas. Os meus braços exerciam uma força sobre a gigantesca porta como que um impulso. Quando finalmente se encostou à parede lateral, entrei, lentamente, na Igreja, olhando em redor.



Tudo à minha volta transmitia calma, serenidade, tranquilidade… todos os adjectivos que mostrassem que eu estava excepcionalmente calma.
O seu interior estava iluminado apenas por tochas que trepavam a parede de tijolo envelhecido. O tapete que serpenteava o altar estava coberto por uma fina camada de pó, que o aclareava. Os bancos que o acompanhavam estavam igualmente sujos e envelhecidos. Tudo parecia abandonado, mas as chamas das tochas encontravam-se mais luminosas do que nunca.
Olhei para o meu lado direito e reparei numa estátua de mármore, com uma cor idêntica ao exterior da Igreja. Das imensas estátuas que repousavam naquele altar, apenas aquela me atraiu. Era uma estátua em forma de uma elegante mulher, a agarrar nos seus cabelos longos e volumosos. Um longo vestido cobria-lhe o corpo elegante e vistoso e um colar, com alguns pormenores já apagados, a envolver-lhe o pescoço. Era uma estátua que eu considerava, estranhamente, parecida com a minha mãe.





E nesse instante, um suave som invadiu-me os ouvidos, fazendo-me estremecer ligeiramente pelo leve susto que apanhei. Um som tranquilizante e muito familiar, embora não me lembre de o ter ouvido recentemente.



4 Response to "Capítulo 41"

  • mmoedinhas Says:

    AHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!! Nao acredito! Finalmente ela entrou!!!! Hihihiihihihihihihihi
    Tenho quase a certeza que o som que ela está ouvir é daquela caixinha de música do trailer! Devia ser uma caixinha de musica da mae ou assim...
    *muitos gritos histéricos depois...*
    Ai meu deus, eu nem sei o que dizer, isto está cada vez mais emocionante!!!!!!!!!!!!!
    Espero por mais!

    Deg deg

    P.S: o Jake e a melody ficam tão parvos apaixonados... xD


  • João Says:

    MEU DEUS!!!
    HAAAAA!
    Quero mais!
    Tá tãããããão fixe!
    Quero ver o que é que vai acoontecer depois... Cheira-me que vem aí um graaaaaaaaaande acontecimento!
    Continua assim!


  • Mr.Lis Says:

    Gostei muito!!!
    Concordo com o Desi!!!

    Realmente a igreja e mesmo bonita....


  • Diogo Says:

    Adorei Completamente! Vamos ver se a ida delá a igreja a tenha tranquilizado um pouco mais!
    A D O R E I
    ESPERO POR MAIS ANSIOSAMENTE PARA PODER POR MAIS UMA PEÇA NO QUEBRA CABEÇAS!=D ;)


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